terça-feira, 18 de setembro de 2012

resumo PMC



Aspectos da filosofia contemporânea. p. 58
A) história e progresso.
Descoberta da história leva noção de progresso.
Progresso  1°) uma série qualquer de eventos que se desenvolve em sentido desejável.
2°) A crença de que os acontecimentos históricos desenvolvem-se no sentido mais desejável realizando um aperfeiçoamento crescente.
Hegel. A história é a realidade.
Homem perde o caráter de ser místico, criado por Deus e com “status privilegiado” e torna-se um ser histórico, inserido em um determinado espaço geográfico, cronológico e cultural.
Comte.
Observando a história é possível “prever para prover”.
Desenvolvimento histórica da humanidade em direção ao estado positivo.
É possível aplicar a sociedade o mesmo método das ciências naturais e detectar padrões de comportamentos.
As ciencias e as técnicas.
Apologia das ciencias.
Sociologia
Pedagogia 
Psicologia
Decepção.
Duas grandes guerras
Medos e angústias.
Os ideias politicos revolucionários.
Crença na revolução do proletariado e um mundo mais justo.
Aumento da burocracia, emergência do estado totalitário
Cultura é o modo próprio de viver de um povo.
Cultura universal. Casamento, rito de passagem e funeral.
Culturas.
Fim da filosofia.
 a ciência teria as respostas.
 a filosofia passa a analisar o método das ciencias. 
A maioridade razão. Autonomia
Sapere aude
Situação econômica.
Fatores psicossociais
Infinito e finito.
Deus, a natureza dos gregos.
Finito, mortal, passageiro, transitório.
O homem superaria esse ideia de finitude através das artes e da militância politica.
Existencialismo
Moderno. Poder econômico e político nas mãos das grandes industrias que explorava a força de trabalho.
Pós-moderno. Poder econômico e político nas mãos do capital financeiro e redes de eletrônicos.


domingo, 16 de setembro de 2012

resumo prova raimundo pinheiro


Escola Raimundo Pinheiro. Professor Irzair Ciro Correa

Filosofia 3° bimestre

Cap 7.  Em busca da felicidade. P.80

Conceito: Em geral os estado de satisfação devido a situação no mundo.

Aristóteles. É feliz aquele que possuir três espécies de bens: exterior, do corpo e da alma.

Kant: Sendo a soma da realização de todos os desejos a felicidade se torna impraticável no mundo natural tornando-se possível apenas no mundo inteligível.

Stuart Mill. A felicidade só é possível se atingir o maior número de pessoas, ninguém é feliz sozinho.

Platão. Para ser feliz é preciso submeter Eros á Logos de forma que a alma intelectual prevaleça sobre a alma sensível, justiça e temperança também é imprescindível a felicidade.

Descartes. Alma e corpo gozam do mesmo status, mas a felicidade é proveniente do reto uso da razão.

Espinoza. O que somos, somos de corpo e alma e a alegria é um movimento ascendente onde se vai de uma perfeição menor para uma perfeição maior. A tristeza é o inverso. Mas a felicidade em si consiste na CAPACIDADE DE REFREAR as paixões.

Freud. Depende dos desejos. Libido. Em Freud a sexualidade é essencial para a felicidade, lembrando que a sexualidade vai além dos prazeres sexuais propriamente ditos, sendo sublimado em jogos, no trabalho, na produção intelectual ou artística.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O que é o Iluminismo?


Resposta à pergunta: “O que é o Iluminismo?” I. KANT Tradutor: Artur Morão

Apresentação

O opúsculo de I. Kant Resposta à pergunta: Que é o iluminismo? (1784) é, como se sabe, um texto clássico. Por razões várias.

- É um dos manifestos mais ‘interessantes’ da Ilustração europeia. Como tal, figura não só como um dos mais contundentes apelos ao exercício autónomo da razão, à liberdade de pensamento, mas constitui ainda uma expressão sintomática de um momento fundamental na estruturação da consciência moderna, com o seu afâ de novidade, de expansão e conquista do mundo e da natureza, de destruição da ordem estática das sociedades, mas também com o seu desprezo da tradição, com a vertigem do solipsismo.

- É, por outro lado, um texto-alvo no recente debate sobre o projeto da modernidade e a reação pós-moderna (assim na obra de M. Foucault e de J. Habermas, entre outros).

- Propõe ainda, de certo modo, um ideal imperativo e inatingível – precisamente a consecução da genuína e plena ilustração intelectual – e disso Kant parece dar-se conta no final do ensaio, embora permaneça, contra o que promove, enredado nos preconceitos da sua época, a saber, uma versão algo abstrata da razão arrancada ao húmus da história, encarada sem os nexos relacionais que ligam os seres humanos no seu destino; a inatenção ao papel quase transcendental da linguagem na estruturação do pensamento; a falta de consideração do vínculo entre razão e autoridade (nas suas múltiplas formas), além da pedante convicção de que as idades anteriores aos tempos modernos mergulhavam na ‘menoridade culpada’.

Estas observações, e muitas outras que se poderiam aduzir, não serão um obstáculo para apreciar a luminosidade deste opúsculo, merecidamente famoso; mesmo apesar dos seus limites, encerra ainda uma exigência moral de auto-iluminação, que nunca é bastante.

Artur Morão

 [A481] Resposta à pergunta: “Que é o Iluminismo?” (1784) (3 Dez., 1783, p. 516)[1]

lluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação de outrem. Tal menoridade é por culpa própria, se a sua causa não residir na carência de entendimento, mas na falta de decisão e de coragem em se servir de si mesmo, sem a guia de outrem. Sapere aude! Tem a coragem de te servires do teu próprio entendimento! Eis a palavra de ordem do Iluminismo.

A preguiça e a covardia são as causas de os homens em tão grande parte, após a natureza os ter há muito libertado do controle alheio (naturaliter maiorennes), [482] continuarem, todavia, de bom grado menores durante toda a vida; e também de a outros se tornar tão fácil assumir-se como seus tutores. É tão cómodo ser menor. Se eu tiver um livro que tem entendimento por mim, um diretor espiritual que em vez de mim tem consciência moral, um médico que por mim decide da dieta, etc., então não preciso de eu próprio me esforçar. Não me é forçoso pensar, quando posso simplesmente pagar; outros empreenderão por mim essa tarefa aborrecida. Porque a imensa maioria dos homens (inclusive todo o belo sexo) considera a passagem à maioridade difícil e também muito perigosa é que os tutores de bom grado tomaram a seu cargo a superintendência deles. Depois de terem, primeiro, embrutecido [2 I. KANT] os seus animais domésticos e evitado cuidadosamente que estas criaturas pacíficas ousassem dar um passo para fora da carroça em que as encerraram, mostram-lhes em seguida o perigo que as ameaça, se tentarem andar sozinhas.

Ora, este perigo não é assim tão grande, pois acabariam por aprender muito bem a andar. Só que um tal exemplo intimida e, em geral, gera pavor perante todas as tentativas ulteriores. É, pois, difícil a cada homem desprender-se da menoridade que para ele se tomou [483] quase uma natureza. Até lhe ganhou amor e é por agora realmente incapaz de se servir do seu próprio entendimento, porque nunca se lhe permitiu fazer semelhante tentativa. Preceitos e fórmulas, instrumentos mecânicos do uso racional, ou antes, do mau uso dos seus dons naturais são os grilhões de uma menoridade perpétua. Mesmo quem deles se soltasse só daria um salto inseguro sobre o mais pequeno fosso, porque não está habituado ao movimento livre. São, pois, muito poucos apenas os que conseguiram mediante a transformação do seu espírito arrancar-se à menoridade e encetar então um andamento seguro.

Mas é perfeitamente possível que um público a si mesmo se esclareça. Mais ainda, é quase inevitável, se para tal lhe for concedida a liberdade. Sempre haverá, de facto, alguns que pensam por si, mesmo entre os tutores estabelecidos da grande massa que, após terem arrojado de si o jugo da menoridade, espalharão à sua volta o espírito de uma estimativa racional do próprio valor e da vocação de cada homem para pensar por si mesmo. Importante aqui é que o público, antes por eles sujeito a este jugo, os obriga doravante a permanecer sob ele quando por alguns dos seus tutores, pessoalmente incapazes de qualquer ilustração, é a isso [484] incitado. Semear preconceitos é muito danoso, porque acabam por se vingar dos que pessoalmente, ou os seus predecessores, foram os seus autores. Por conseguinte, um público só muito lentamente consegue chegar à ilustração. Por meio de uma revolução talvez se possa levar a cabo a queda do despotismo pessoal e da opressão gananciosa ou dominadora, mas nunca uma verdadeira reforma do modo de pensar. Novos preconceitos, justamente como os antigos, servirão de rédeas à grande massa destituída de pensamento.

Mas, para esta ilustração, nada mais se exige do que a liberdade; e, claro está, a mais inofensiva entre tudo o que se pode chamar liberdade, a saber, a de fazer um uso público da sua razão em todos os elementos. Agora, porém, de todos os lados ouço gritar: não raciocines! Diz o oficial: não raciocines, mas faz exercícios! Diz o funcionário de Finanças: não raciocines, paga! E o clérigo: não raciocines, acredita! (Apenas um único senhor no mundo diz: raciocinai tanto quanto quiserdes e sobre o que quiserdes, mas obedecei!) Por toda a parte se depara com a restrição da liberdade. Mas qual é a restrição que se opõe ao Iluminismo? Qual a restrição que o não impede, antes o fomenta? Respondo: o uso público da própria razão deve sempre ser livre e só ele pode, entre os homens, levar a cabo a ilustração [485]; mas o uso privado da razão pode, muitas vezes, coarctar-se fortemente sem que, no entanto, se entrave assim notavelmente o progresso da ilustração. Por uso público da própria razão entendo aquele que qualquer um, enquanto erudito, dela faz perante o grande público do mundo letrado. Chamo uso privado àquele que alguém pode fazer da sua razão num certo cargo público ou função a ele confiado. Ora, em muitos assuntos que têm a ver com o interesse da comunidade, é necessário um certo mecanismo em virtude do qual alguns membros da comunidade se comportarão de um modo puramente passivo com o propósito de, mediante uma unanimidade artificial, serem orientados pelo governo para fins públicos ou de, pelo menos, serem impedidos de destruir tais fins. Neste caso, não é decerto permitido raciocinar, mas tem de se obedecer.

Na medida, porém, em que esta parte da máquina se considera também como elemento de uma comunidade total, e até da sociedade civil mundial, portanto, na qualidade de um erudito que se dirige por escrito a um público em entendimento genuíno, pode certamente raciocinar sem que assim sofram qualquer dano os negócios a que, em parte, como membro passivo, se encontra sujeito. Seria, pois, muito pernicioso se um oficial, a quem o seu superior ordenou algo, quisesse em serviço sofismar em voz alta [486] acerca da inconveniência ou utilidade dessa ordem; tem de obedecer, mas não se lhe pode impedir de um modo justo, enquanto perito, fazer observações sobre os erros do serviço militar e expô-las ao seu público para que as julgue. O cidadão não pode recusar-se a pagar os impostos que lhe são exigidos; e uma censura impertinente de tais obrigações, se por ele devem ser cumpridas, pode mesmo punir-se como um escândalo (que poderia causar uma insubordinação geral). Mas, apesar disso, não age contra o dever de um cidadão se, como erudito, ele expuser as suas ideias contra a inconveniência ou também a injustiça de tais prescrições. Do mesmo modo, um clérigo está obrigado a ensinar os instruendos de catecismo e a sua comunidade em conformidade com o símbolo da Igreja, a cujo serviço se encontra, pois ele foi admitido com esta condição. Mas, como erudito, tem plena liberdade e até a missão de participar ao público todos os seus pensamentos cuidadosamente examinados e bem-intencionados sobre o que de erróneo há naquele símbolo, e as propostas para uma melhor regulamentação das matérias que respeitam à religião e à Igreja.

Nada aqui existe que possa constituir um peso na consciência. Com efeito, o que ele ensina em virtude da sua função, como ministro da Igreja, expõe-no como algo em relação [487] ao qual não tem o livre poder de ensinar segundo a sua opinião própria, mas está obrigado a expor segundo a prescrição e em nome de outrem. Dirá: a nossa Igreja ensina isto ou aquilo; são estes os argumentos comprovativos de que ela se serve. Em seguida, ele extrai toda a utilidade prática para a sua comunidade de preceitos que ele próprio não subscreveria com plena convicção, mas a cuja exposição se pode, no entanto, comprometer, porque não é de todo impossível que neles resida alguma verdade oculta. De qualquer modo, porém, não deve neles haver coisa alguma que se oponha à religião interior, pois se julgasse encontrar aí semelhante contradição, então não poderia em consciência desempenhar o seu ministério; teria de renunciar. Por conseguinte, o uso que um professor contratado faz da sua razão perante a sua comunidade é apenas um uso privado, porque ela, por maior que seja, é sempre apenas uma assembleia doméstica; e no tocante a tal uso, ele como sacerdote não é livre e também o não pode ser, porque exerce uma incumbência alheia. Em contrapartida, como erudito que, mediante escritos, fala a um público genuíno, a saber, ao mundo, por conseguinte, o clérigo, no uso público da sua razão, goza de uma liberdade ilimitada de se servir da própria razão e de falar em seu nome próprio. É, de facto, um absurdo, que leva à perpetuação dos absurdos, que os tutores do povo [488] (em coisas espirituais) tenham de ser, por sua vez, menores.

Mas não deveria uma sociedade de clérigos, por exemplo, uma assembleia eclesiástica ou uma venerável classis (como a si mesma se denomina entre os Holandeses) estar autorizada sob juramento a comprometer-se entre si com um certo símbolo imutável para assim se instituir uma interminável supertutela sobre cada um dos seus membros e, por meio deles, sobre o povo, e deste modo a eternizar? Digo: isso é de todo impossível. Semelhante contrato, que decidiria excluir para sempre toda a ulterior ilustração do género humano, é absolutamente nulo e sem validade, mesmo que fosse confirmado pela autoridade suprema por parlamentos e pelos mais solenes tratados de paz. Uma época não se pode coligar e conjurar para colocar a seguinte num estado em que se tornará impossível a ampliação dos seus conhecimentos (sobretudo os mais urgentes), a purificação dos erros e, em geral, o avanço progressivo na ilustração. Isso seria um crime contra a natureza humana, cuja determinação original consiste justamente neste avanço. E os vindouros têm toda a legitimidade para recusar essas resoluções decretadas de um modo incompetente e criminoso. A pedra de toque [489] de tudo o que se pode decretar como lei sobre um povo reside na pergunta: poderia um povo impor a si próprio essa lei? Seria decerto possível, na expectativa, por assim dizer, de uma lei melhor, por um determinado e curto prazo, para introduzir uma certa ordem.

Ao mesmo tempo, facultar-se-ia a cada cidadão, em especial ao clérigo, na qualidade de erudito, fazer publicamente, isto é, por escritos, as suas observações sobre o que há de erróneo nas instituições anteriores; entretanto, a ordem introduzida continuaria em vigência até que o discernimento da natureza de tais coisas se tivesse de tal modo difundido e testado publicamente que os cidadãos, unindo as suas vozes (embora não todas), poderiam apresentar a sua proposta diante do trono a fim de protegerem as comunidades que, de acordo com o seu conceito do melhor discernimento, se teriam coadunado numa organização religiosa modificada, sem todavia impedir os que quisessem ater-se à antiga. Mas é de todo interdito coadunar-se numa constituição religiosa pertinaz, por ninguém posta publicamente em dúvida, mesmo só durante o tempo de vida de um homem e deste modo aniquilar, por assim dizer, um período de tempo no progresso da humanidade para o melhor e torná-lo infecundo e prejudicial para a posteridade. Um homem, para a sua pessoa, [490] e mesmo então só por algum tempo, pode, no que lhe incumbe saber, adiar a ilustração; mas renunciar a ela, quer seja para si, quer ainda mais para a descendência, significa lesar e calcar aos pés o sagrado direito da humanidade. O que não é lícito a um povo decidir em relação a si mesmo menos o pode ainda um monarca decidir sobre o povo, pois a sua autoridade legislativa assenta precisamente no fato de na sua vontade unificar a vontade conjunta do povo.

Quando ele vê que toda a melhoria verdadeira ou presumida coincide com a ordem civil, pode então permitir que em tudo o mais os seus súbditos façam por si mesmos o que julguem necessário fazer para a salvação da sua alma. Não é isso que lhe importa, mas compete-lhe obstar a que alguém impeça à força outrem de trabalhar segundo toda a sua capacidade na determinação e fomento da mesma. Constitui até um dano para a sua majestade imiscuir-se em tais assuntos, ao honrar com a inspeção do seu governo os escritos em que os seus súbditos procuram clarificar as suas ideias, quer quando ele faz isso a partir do seu discernimento superior, pelo que se sujeita à censura ‘Caesar non est supra grammaticos’[2] quer também, e ainda mais, quando rebaixa o seu poder supremo a ponto de, no seu Estado, apoiar o despotismo espiritual de alguns tiranos [491] contra os demais súditos.

Se, pois, se fizer a pergunta – Vivemos nós agora numa época esclarecida? – a resposta é: não. Mas vivemos numa época do Iluminismo. Falta ainda muito para que os homens tomados em conjunto, da maneira como as coisas agora estão, se encontrem já numa situação ou nela se possam apenas vir a pôr de, em matéria de religião, se servirem bem e com segurança do seu próprio entendimento, sem a orientação de outrem. Temos apenas claros indícios de que se lhes abre agora o campo em que podem atuar livremente, e diminuem pouco a pouco os obstáculos à ilustração geral ou à saída dos homens da menoridade de que são culpados. Assim considerada, esta época é a época do Iluminismo, ou o século de Frederico.

Um príncipe que não acha indigno de si dizer que tem por dever nada prescrever aos homens em matéria de religião, mas deixar-lhes aí a plena liberdade, que, por conseguinte, recusa o arrogante nome de tolerância, é efetivamente esclarecido e merece ser encomiado pelo mundo grato e pela posteridade como aquele que, pela primeira vez, libertou o género humano da menoridade, pelo menos por parte do governo, e concedeu a cada qual a liberdade de se [492] servir da própria razão em tudo o que é assunto da consciência. Sob o seu auspício, clérigos veneráveis podem, sem prejuízo do seu dever ministerial e na qualidade de eruditos, expor livre e publicamente ao mundo para que este examine os seus juízos e as suas ideias que, aqui ou além, se afastam do símbolo admitido; mas, mais permitido é ainda a quem não está limitado por nenhum dever de ofício. Este espírito de liberdade difunde-se também no exterior, mesmo onde entra em conflito com obstáculos externos de um governo que a si mesmo se compreende mal. Com efeito, perante tal governo brilha um exemplo de que, no seio da liberdade, não há o mínimo a recear pela ordem pública e pela unidade da comunidade. Os homens libertam-se pouco a pouco da brutalidade, quando de nenhum modo se procura, de propósito, conservá-los nela.

Apresentei o ponto central do Iluminismo, a saída do homem da sua menoridade culpada, sobretudo nas coisas de religião, porque em relação às artes e às ciências os nossos governantes não têm interesse algum em exercer a tutela sobre os seus súbditos; por outro lado, a tutela religiosa, além de ser mais prejudicial, é também a mais desonrosa de todas. Mas o modo de pensar de um chefe de Estado, que favorece a primeira, vai ainda mais além e discerne que mesmo no tocante à sua legislação [493] não há perigo em permitir aos seus súbditos fazer uso público da sua própria razão e expor publicamente ao mundo as suas ideias sobre a sua melhor formulação, inclusive por meio de uma ousada crítica da legislação que já existe; um exemplo brilhante que temos é que nenhum monarca superou aquele que admiramos.

Mas também só aquele que, já esclarecido, não receia as sombras e que, ao mesmo tempo, dispõe de um exército bem disciplinado e numeroso para garantir a ordem pública – pode dizer o que a um Estado livre não é permitido ousar: raciocinai tanto quanto quiserdes e sobre o que quiserdes; mas obedecei! Revela-se aqui um estranho e não esperado curso das coisas humanas; como, aliás, quando ele se considera em conjunto, quase tudo nele é paradoxal. Um grau maior da liberdade civil afigura-se vantajosa para a liberdade do espírito do povo e, no entanto, estabelece-lhe limites intransponíveis um grau menor cria-lhe, pelo contrário, o espaço para ela se alargar segundo toda a sua capacidade. Se a natureza, sob este duro invólucro, desenvolveu o germe de que delicadamente cuida, a saber, a tendência e a vocação para o pensamento livre, então ela atua também gradualmente sobre o modo do sentir do povo (pelo que este se tornará cada vez mais [494] capaz de agir segundo a liberdade) e, por fim, até mesmo sobre os princípios do governo que acha salutar para si próprio tratar o homem, que agora é mais do que uma máquina, segundo a sua dignidade[3]

Königsberg na Prússia, 30 de Setembro de 1784.

Editoração: Irzair Ciro Correa. Professor de Filosofia



[1] A indicação da página da “Berlinische Monatsschrift” refere-se à seguinte nota na frase: “Será aconselhável ratificar posteriormente o vínculo conjugal por meio da religião?” do Sr. Preg. Zöllner: “Que é o Iluminismo?” Esta pergunta, quase tão importante como esta “Que é a Verdade?”, deveria receber uma resposta antes de se começar a esclarecer! E, no entanto, em nenhum lugar a vi ainda respondida”.
[2] “César não está acima dos gramáticos”
 
[3] Na publicação semanal Notícias de Büsching de 13 de Setembro, leio hoje, dia 30 do mesmo mês, o anúncio da “Berlinische Monatsschrift” deste mês, onde se inseriu a resposta do senhor Mendelssohn à mesma pergunta. Esta ainda não me chegou às mãos; de outro modo, teria retido a presente resposta que, agora, apenas se pode encontrar aqui como tentativa de mostrar até que ponto o acaso originou uma coincidência dos pensamentos.
 

segunda-feira, 30 de julho de 2012


Escola Raimundo Pinheiro. Professor Irzair Ciro Correa
Filosofia 3° bimestre
Cap 7.  Em busca da felicidade. P.80
Conceito: Em geral os estado de satisfação devido a situação no mundo.
Aristóteles. É feliz aquele que possuir três espécies de bens: exterior, do corpo e da alma.
Kant: Sendo a soma da realização de todos os desejos a felicidade se torna impraticável no mundo natural tornando-se possível apenas no mundo inteligível.
Stuart Mill. A felicidade só é possível se atingir o maior número de pessoas, ninguém é feliz sozinho.
Pesquisa. 1) Conceito de felicidade em Platão. 2) Felicidade e marketing.
Trabalho.
Conceito de felicidade em Nietzsche.
A felicidade na Ética a Nicômaco de Aristóteles.
Conceito espinoniziano de felicidade.
Freud e a felicidade.
Filme. A procura da felicidade. 2006. Direção: Gabriele Muccino. Duração 117 min
Resumos. 1) O que significa ser feliz. 2) A experiência de ser. 3) Os tipos de amor. 4) Platão, Eros e a filosofia. 5) O corpo sob o olhar da ciência. 6) A inovação de Espinosa. 7) As teorias contemporâneas. 8) Individualismo e narcisismo. 9) Felicidade e autonomia.
Composição da nota do 3° bimestre
Pesquisa 1,0
Prova 5,0
Trabalho 2,0
Presença 1,0
Atividades e Resumos 2,0 

Escola de Ensino Médio
Filosofia Professor Irzair Ciro Correa
Aspectos da filosofia contemporânea. P.58
Subtítulos: 1)História e progresso; 2)As ciências e as técnicas; 3)Os ideais políticos revolucionários; 4)A cultura; 5)O “fim da filosofia”; 6)A maioridade da razão[1]; 7)Infinito e finito; 8)Temas disciplinas e campos filosóficos.
Suplementos. Diálogos filosóficos: Ideologia; Viver não é sobreviver ou o profeta de walkman.
Proposta de trabalho:
Fenomenologia do espirito. Hegel.
O espirito do positivismo. Comte.
A ideia da fenomenologia. Husserl.   
 Manifesto do partido comunista. Marx
A interpretação dos sonhos. Freud
Fazer leitura do texto item por item e fazer resumo de dois itens por aula. Cada 2 itens vale 0,5 ponto
Resumos 2,0 mínimo 7 linhas máximo 10 linhas
Prova    3,0
Trabalho 2,0  30 linhas no caderno, caneta azul ou preta esferográfica;
Presença 1,0
Atividades. 2,0 10 questões página 67
Pesquisa.  1,0 metafísica; teoria do conhecimento; ética; epistemologia; fenomenologia; história da filosofia; filosofia política.
Redação faz parte da atividade. Tema “O progresso” observe as duas figuras nas páginas 58 e 59 e expresse sua opinião sobre as consequências do progresso.
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/cadernos_pedagogicos/caderno_filo.pdf


[1] Leitura do texto “O que é o iluminismo?” Imanuel KANT

sexta-feira, 15 de junho de 2012

REVISÃO PARA PROVA PMC E DIONE


PMC FILOSOFIA PROFESSOR IRZAIR CIRO CORREA
REVISÃO CAP. 5 PÁGINA 50-57
PRINCIPAIS PERÍODOS DA HISTÓRIA DA FILOSOFIA.
1) A filosofia está na história porque manifesta e exprime os problemas e as questões que, em cada época de uma sociedade, os homens colocam para si mesmo diante do que é novo e ainda não foi respondido. A filosofia tem uma história porque as respostas, soluções e novas perguntas oferecidas diante de cada época tornam-se saberes adquiridos que outros filósofos perseguem ou, frequentemente, tornam-se novos problemas que outros filósofos tentam resolver.
2) A ideia da criação do mundo a partir do nada, de pecado original do homem, de Deus como trindade uma, de encarnação e morte de Deus, de juízo final ou de fim dos tempos e a ressurreição dos mortos, etc...Também explicou como o mal pode existir no mundo, já que tudo foi criado por Deus, que é pura perfeição e bondade. Essas ideias são dogmas porque são reveladas por Deus, e, logo, irrefutáveis e inquestionáveis.
3) Havia os que julgavam fé e razão irreconciliáveis e a fé superior a razão, os que julgavam fé e razão conciliáveis, mas subordinavam a razão a fé, e os que julgavam fé e razão irreconciliáveis, mas afirmavam que cada uma delas tem seu campo próprio de conhecimento e não devem misturar-se.
4) A diferença e separação entre infinito (Deus) e finito (homem, mundo); a diferença entre a razão e fé (a primeira deve se subordinar a segunda);  a diferença entre corpo (matéria) e alma (espírito).
5) Primeiro: a linha proveniente dos três diálogos de Platão (Banquete, Fédon, Fedro) segundo: a linha originada dos pensadores florentinos que valorizava a vida ativa (política) e defendia a liberdade de suas cidades; e para finalizar: aquele que propunha o ideal de homem como artífice do seu próprio destino tanto por meio do conhecimento quanto por meio da política, das técnicas e das artes.
6) Porque já não se pode admitir que a razão humana fosse capaz de conhecimento verdadeiro e que a verdade fosse universal e necessária, sobretudo devido ás guerras religiosas, ás descobertas de povos inteiramente diferente dos europeus,ás disputas e querelas filosóficas e teológicas.
7) Trata-se de uma das mudança teóricas fundamentais da filosofia moderna para vencer o ceticismo. Considerando a dúvida da razão humana para conhecer a realidade exterior e o homem, o ponto de partida da filosofia passa a ser a reflexão, isto é, o sujeito do conhecimento volta-se para si mesmo para saber se é capaz de conhecimento verdadeiro. Cogito ergo sum.
8) A natureza a partir de Galileu é concebida como um sistema ordenado de causas e efeitos cuja estrutura profunda e invisível é matemática. Essa concepção leva ás ideias de experimentação cientifica e de tecnologia porque, podendo-se explicar e representar matematicamente as relações de causas e efeitos que produzem conserva-se ou destroem todas as coisas.
9) Porque na filosofia moderna há uma enorme confiança na capacidade e no poder da razão humana, devido a convicção de que se pode explicar o universo mecânica e matematicamente.
10) Pela razão o homem pode conquistar  a liberdade e a felicidade social e política. A razão é capaz de aperfeiçoamento e progresso, e o homem é um ser perfectível. O aperfeiçoamento da razão se realiza pelo progresso das civilizações. Há diferença entre natureza e civilização.

REVISÃO PARA PROVA PMC E DIONE


PMC FILOSOFIA PROFESSOR IRZAIR CIRO CORREA
REVISÃO PARA PROVA
Períodos e campos de investigação da filosofia grega p. 40-49
1.  Período pré socrático ou cosmológico; período socrático ou antropológico; período sistemático; período helenístico ou greco-romano.
2. A cosmologia pré socrática é uma explicação racional e sistemática sobre a origem da natureza, da qual os seres humanos fazem parte. Não admite a criação do mundo a partir do nada, mas afirma a geração de todas as coisas por um principio natural de onde tudo vem e para onde tudo retorna.
3. Kinesis, em grego, significa movimento. Por movimento os gregos não entendem apenas a mudança de lugar ou a locomoção, mas toda e qualquer alteração ou mudança qualitativa ou quantitativa de um ser, bem como seu nascimento e seu perecimento. Esse movimento das coisas e do mundo chama-se devir e segue leis rigorosas que o pensamento conhece. Essa idéia é central para o pensamento pré socrático porque nesse período a filosofia se ocupa fundamentalmente com a origem do mundo e as causas de transformações na natureza.
4. Ensinavam técnicas de persuasão para os jovens, de modo que, numa assembléia soubessem ter fortes argumentos. Diziam também que os ensinamentos dos filósofos cosmologistas estavam repletos de erros e contradições e que não tinham validade para polis.
5. Sócrates diziam que os sofistas não eram filósofos, pois não tinham a mor pela sabedoria e nem respeito pela verdade, defendendo qualquer idéia, se isso fosse vantajoso e que, antes de querer persuadir os outros, cada deveria, primeiro e antes de tudo, conhecer-se a si mesmo.
6. Pretendia buscar a verdade de uma coisa, de uma idéia, de um valor. Ao fazer suas perguntas referindo-se a idéias, valores, práticas e comportamentos que julgavam certos e verdadeiros fazia com que os atenienses descobrissem, surpresos, que não sabiam responder e que nunca tinham pensado em suas crenças, seus valores e suas idéias. Buscava a essência e conceito porque isso não se encontra pela percepção sensorial, mas pelo pensamento.
7. Porque ao fazer a juventude pensar se tornara um perigo para os que detinham o poder.
8. Porque ao contrário do período cosmológico no qual os filósofos buscavam conhecer causas e origens da natureza, no período socrático no qual consolidou uma nova classe social de caráter democrático, as questões humanas passaram a ser centro das preocupações e investigações, e tais questões buscavam compreender qual era o lugar do homem no mundo.
9. Em grego, “meta” significa “o que vem depois”. Trata-se das ciência teoréticas que estuda o ser puro. ( o ser enquanto ser).
10. Do conhecimento do ser, isto é, da realidade fundamental e primordial de todas as coisas; do conhecimento das ações humanas ou dos valores e da finalidade da ação humana; do conhecimento da capacidade humana de conhecer, isto é, o conhecimento do próprio pensamento em exercício.
11. O campo do conhecimento formado pelo conjunto da metafísica e da teologia que investiga o ser, a realidade fundamental e primordial de todas as coisas.

domingo, 8 de abril de 2012

poema vinicius escola raimundo


Operário em construção
Vinicius de Moraes
E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:
- Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
E Jesus, respondendo, disse-lhe:
- Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Lucas, cap. V, vs. 5-8.
Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão - 
Era ele quem os fazia 
Ele, um humilde operário, 
Um operário em construção. 
Olhou em torno: gamela 
Banco, enxerga, caldeirão 
Vidro, parede, janela 
Casa, cidade, nação! 
Tudo, tudo o que existia 
Era ele quem o fazia 
Ele, um humilde operário 
Um operário que sabia 
Exercer a profissão.
Ah, homens de pensamento 
Não sabereis nunca o quanto 
Aquele humilde operário 
Soube naquele momento! 
Naquela casa vazia 
Que ele mesmo levantara 
Um mundo novo nascia 
De que sequer suspeitava. 
O operário emocionado 
Olhou sua própria mão 
Sua rude mão de operário 
De operário em construção 
E olhando bem para ela 
Teve um segundo a impressão 
De que não havia no mundo 
Coisa que fosse mais bela.
Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
- Exercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.
E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.
E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.
Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
- "Convençam-no" do contrário -
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.
Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!
Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.
Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!
- Loucura! - gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! - disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.
E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.
 Operário em construção
Vinicius de Moraes