domingo, 8 de abril de 2012

poema vinicius escola raimundo


Operário em construção
Vinicius de Moraes
E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:
- Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
E Jesus, respondendo, disse-lhe:
- Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Lucas, cap. V, vs. 5-8.
Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão - 
Era ele quem os fazia 
Ele, um humilde operário, 
Um operário em construção. 
Olhou em torno: gamela 
Banco, enxerga, caldeirão 
Vidro, parede, janela 
Casa, cidade, nação! 
Tudo, tudo o que existia 
Era ele quem o fazia 
Ele, um humilde operário 
Um operário que sabia 
Exercer a profissão.
Ah, homens de pensamento 
Não sabereis nunca o quanto 
Aquele humilde operário 
Soube naquele momento! 
Naquela casa vazia 
Que ele mesmo levantara 
Um mundo novo nascia 
De que sequer suspeitava. 
O operário emocionado 
Olhou sua própria mão 
Sua rude mão de operário 
De operário em construção 
E olhando bem para ela 
Teve um segundo a impressão 
De que não havia no mundo 
Coisa que fosse mais bela.
Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
- Exercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.
E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.
E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.
Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
- "Convençam-no" do contrário -
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.
Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!
Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.
Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!
- Loucura! - gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! - disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.
E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.
 Operário em construção
Vinicius de Moraes

link para construção chico buarque

a música de chico buarque para trabalho escolar 3° ano raimundo pinheiro
http://www.4shared.com/mp3/p7UVg9S-/Chico_Buarque_-_Construo.htm

sexta-feira, 6 de abril de 2012

informações para alunos dione augusta e pascoal m. cabral


INFORMAÇOES PARA ALUNOS DA ESCOLA DIONE AUGUSTA E PASCOAL MOREIRA CABRAL
UNIDADE 1
A ATITUDE FILOSOFIA PÁGINA 6-17 DO LIVRO INICIAÇÃO Á FILOSOFIA DE MARILENA CHAUÍ
2) Por que jamais se contentou com as opiniões estabelecidas, com os preconceitos de sua sociedade, com as crenças inquestionadas de seus contemporâneos.
3) de forma alegórica Platão representou o mundo das aparências como a caverna sendo uma espécie de ignorância onde todo homem está preso e da qual será liberto apenas pelo conhecimento.
4) são ideias nas quais acreditamos sem questionar, que aceitamos como óbvias e evidentes.
5) no momento em que o que era objeto de crença aparece como algo contraditório e problemático e por isso transforma-se em indagação e interrogação
6) dirigindo-se ao mundo que nos rodeia e á relação que mantemos com ele a atitude filosófica caracteriza-se pelas perguntas: O que é? Como é? e Por que é?
UNIDADE 2 O QUE É A FILOSOFIA?
1) A palavra crítica vem do grego e possui três sentidos principais: 1)capacidade para julgar, discernir e decidir corretamente; 2) exame racional de todas as coisas sem preconceitos e sem pré-julgamento; 3) atividade de examinar e avaliar detalhadamente uma ideia, um valor, um costume ou um comportamento.
2) É nesses momentos críticos que se manifestam mais claramente a exigência das fundamentação das ideias, dos discursos e das práticas
3) Em nossa cultura, costumamos considerar que alguma coisa só tem direito a existir se tiver alguma finalidade prática muito visível e de utilidade imediata. No caso da filosofia, essa pergunta apresenta uma falsa pertinência pois quando se pergunta “para que filosofia?” não se está perguntando sobre a finalidade, para que serve; mas pela utilidade, como vou ganhar dinheiro com isso?
4) É o pensamento interrogando-se a si mesmo ou pensando-se a si mesmo. Além disso a reflexão filosófica se volta para compreender o que se passa em nós questionando fazendo as três perguntas clássicas: O que é? Como é? e Por que é?
5) porque pensamos o que pensamos; o que queremos pensar quando pensamos; para que pensamos o que pensamos.
6) de acordo com o que foi estudado na unidade a filosofia é uma atitude que indaga; é um pensamento sistemático; uma reflexão; uma atitude crítica.
7) significa que a filosofia trabalha com enunciados precisos, busca encadeamentos lógicos entre os enunciados e opera com conceitos ou ideias obtidas por procedimentos de demonstração e prova, exige fundamentação racional do que é enunciado e pensado.
8) porque essas três atividades são orientadoras da elaboração filosófica de ideias gerais sobre a realidade e os seres humanos.
9) para Kant a filosofia é o conhecimento que a razão adquire por si mesma para saber o que se pode conhecer, o que pode fazer e o que pode esperar tendo como finalidade a felicidade humana.
10) A filosofia pode ser o mais útil dos saberes ao nos fazer abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum, ao nos fazer críticos em relação ás ideias dominantes e aos poderes estabelecidos.   

ESCOLA RAIMUNDO EXPERIENCIA FILOSÓFICA

Informações para os alunos de filosofia da escola Raimundo Pinheiro.
Baseado no texto “A experiência filosófica” do livro “Filosofando” página 12-24
Questões da página 23
a) a informação. O assassinato da menina e a multidão que acompanha in loco o desenrolar dos acontecimentos. O foco é a comoção popular que o crime provocou.
b) o conhecimento. A partir da experiência do seu consultório e orientado pela teoria psicanalítica o autor interpreta que essas pessoas excessivamente indignadas desejavam linchar os suspeitos porque “precisam muito proclamar que aquilo não é com eles”.
c) sabedoria. Toda fala é inesgotável do ponto vista filosófico por isso vamos citar apenas algumas. Querem linchar porque anseiam por justiça, mas o que é a justiça? Querem que os criminosos sejam punidos por conta da questões dos direitos humanos, mas não são todos humanos? E os direitos dos criminosos.
Obs: tenho um artigo publicado sobre esse assunto onde exponho minha opinião segue o link http://www.webartigos.com/artigos/a-sociedade-do-espetaculo-midiatico/35836/
Questões da pagina 24
1)  O não filosofo tem em comum com os filosofo a disposição para questionar as ideias e as ações morais, estéticas políticas. Mas é diferente porque o senso comum não se baseia no rigor conceitual do filosofo que também conhece a história da filosofia.
2) Husserl quis dizer que não há uma definição única de filosofia, uma vez que cada filosofo repensa e reconstrói constantemente o que entende por filosofia. Esse conceito varia conforme o tempo e o lugar.
3) Radical, no contexto não significa ser inflexível, mas buscar a raiz do conceito, aquilo que cada coisa significa, explicitar os conceitos fundamentais usados em todos os campos do pensar e do agir. Por exemplo: o que é política? Quais são as características da democracia? O que é arte? Etc....
4)
a) A máxima socrática “só sei que nada sei” refere-se a Sócrates, mas também á própria filosofia. Assim como Sócrates a atitude do filosofo não é a de quem sabe de antemão, mas daquele que indaga e questiona aquilo que parece óbvio.
b) O método baseia-se na noção de ironia e maiêutica aplicada pelo filosofo nas ruas de Atenas, em conversa com transeuntes.
c) A acusação de corrupção da juventude era um pretexto, porque Sócrates indagava o sentido dos conceitos e fazia críticas aos costumes. quanto a quem seriam os inimigos de Sócrates hoje talvez seriam os ditadores, religiosos fanáticos entre outros que não aceitam opiniões alheias e nem qualquer espécie de discussão.
6) De acordo com a visão pragmática do nosso tempo, prevalece a tendência de pensar que a filosofia não serve para nada, que não trará dinheiro ou sucesso
7) Arte, cinema, música, religião, ciências, trabalho, cultura etc.....
8)
a) a história é uma ciência que desenvolve um método para investigar um evento passado.
b) a filosofia da historia investiga os conceitos da historia, pergunta se a historia é ciência, se for, que tipo de método usa, o que é um fato histórico, se há neutralidade ou subjetividade na investigação do historiador, quais são os problemas da causalidade em historia, o que o tempo etc....
9) a filosofia instaura o caos onde há cosmos e, nesse sentido é capaz de criticar a si mesmo e não só outras formas de pensar e agir. Portanto, a filosofia também abre fendas no guarda sol tal como o artista.
10) a filosofia não é um conhecimento, mas uma atitude críticas sobre todos os saberes. Não impõe verdades, mas pretende persuadir pelo discurso racional, pelo diálogo, assim como Sócrates que diz nada saber, porque a filosofia rejeita o óbvio e questiona a realidade; rejeita o dogmatismo e busca superar as crendices, os preconceitos e estereótipos; precisa de humildade e coragem para ousar enfrentar costumes arriaigados.