ESCOLA ESTADUAL
DIONE AUGUSTA FILOSOFIA PROF° IRZAIR CIRO CORREA
ATIVIDADES 3°
BIMESTRE
SENSO COMUM
1. Aristóteles
designou com esta expressão a capacidade geral de sentir, à qual atribuiu duas funções: 1ª constituir a consciência da
sensação, que é o "sentir o sentir", porquanto tal consciência não
pode pertencer a
um órgão especial do sentido, como, p. ex., à visão ou ao tato; 2ª perceber as determinações sensíveis comuns a vários
sentidos, como o movimento, o repouso, o aspecto, o tamanho, o número e a unidade.
2. Nos escritores clássicos latinos, essa
expressão tem o significado de costume, gosto, modo comum de viver ou de falar.
Neste sentido, Cícero adverte que no
orador é falta grave "abominar o gênero vulgar do discurso e o costume do
S. comum", e Sêneca afirma que
"a filosofia visa a desenvolver o S. comum" Vico expressava numa fórmula lapidar o pensamento tradicional dos
autores latinos ao afirmar: "O S. comum é um juízo sem reflexão, comumente
sentido por toda uma ordem, todo um povo, toda uma nação, ou por todo o gênero
humano", e ao atribuir ao S. comum a função de confirmar e determinar
"o arbítrio humano, incertíssimo por sua própria natureza, (...) no que
diz respeito às necessidades ou utilidades humanas". Essa expressão teve o
mesmo significado na Escola Escocesa. Em Investigação sobre o espírito humano
segundo os princípios do senso comum (1764), T. Reid usa
essa expressão para designar as crenças tradicionais do gênero humano, aquilo
em que todos os homens acreditam ou devem acreditar.
Para essa escola, o S. comum é o critério
último de juízo e o princípio que dirime todas as dúvidas filosóficas. Hoje,
essa expressão costuma ter significado análogo, embora sem a conotação elogiosa
atribuída pelos filósofos escoceses. Dewey,
p. ex., ressalta o caráter prático do S. comum: "Visto que os problemas e
as indagações em torno do S. comum dizem respeito às interações entre os seres
vivos e o ambiente, com o fim de realizar objetos de uso e de fruição, os
símbolos empregados são determinados pela cultura corrente de um grupo social.
Eles formam um sistema, mas trata-se de um sistema de caráter mais prático que
intelectual. Esse sistema é constituído por tradições, profissões, técnicas,
interesses e instituições estabelecidas no grupo. As significações que o
compõem são efeito da linguagem cotidiana comum, com a qual os membros do grupo
se intercomunicam".
3- Na doutrina de Kant o S. comum é o princípio do gosto, da faculdade de formar juízos sobre os
objetos do sentimento em geral. "Tal princípio só poderia ser considerado
S. comum, que é essencialmente diferente da inteligência comum, que às vezes
também é chamada de S. comum, pois
esta não julga conforme o sentimento, mas conforme conceitos, embora se trate
em geral de conceitos obscuramente representados". A inteligência comum
neste trecho é o S. comum dos escritores latinos e da escola escocesa, que Kant
considera inútil em filosofia essa também é a opinião de Hegel e de outros.
MITO
Além da acepção geral de "narrativa", na qual essa
palavra é usada, p. ex., na Poética de
Aristóteles, do ponto de vista histórico é possível distinguir três
significados do termo: 1° M. como forma atenuada de intelectualidade; 2° M.
como forma autônoma de pensamento ou de vida; 3° M. como instrumento de estudo
social.
1ª Na Antigüidade clássica, o M. é
considerado um produto inferior ou deformado da atividade intelectual. A ele
era atribuída, no máximo, "verossimilhança", enquanto a
"verdade" pertencia aos produtos genuínos do intelecto. Esse foi o
ponto de vista de Platão e de Aristóteles. Platão contrapõe o M. à verdade ou à
narrativa verdadeira, mas ao mesmo tempo atribui-lhe verossimilhança, o que, em
certos campos, é a única validade a que o discurso humano pode aspirar e, em
outros, expressa o que de melhor e mais verdadeiro se pode encontrar. Também
para Platão o M. constitui a "via humana mais curta" para a
persuasão;
A essa esfera de interpretação do M.
pertencem as chamadas teorias naturalistas, que prevaleceram no séc. XIX na
Alemanha. Segundo elas, o M. é produto da mesma atitude teórica ou
contemplativa que dará origem à ciência; consiste em tomar determinado fenômeno
natural como chave para a explicação de todos os outros fenômenos. Os fenômenos
astronômicos, os meteorológicos e outros foram invocados com esse fim. Mais
recentemente, outra escola sociológica viu no M. sobretudo a lembrança dos
acontecimentos passados. Em ambos os casos essas "explicações
naturalistas" do M. nada mais fazem que reduzi-lo a uma forma imperfeita
de atividade intelectual.
2ª para a segunda concepção de M., este é
uma forma autônoma de pensamento e de vida. Nesse sentido, a validade e a
função do M. não são secundárias e subordinadas em relação ao conhecimento
racional, mas originárias e primárias, situando-se num plano diferente do plano
do intelecto, mas dotado de igual dignidade. Foi Vico o primeiro a expressar
esse conceito de M.: "As fábulas, ao nascerem, eram narrações verdadeiras
e graves (donde ter a fábula sido definida como (vera narratió) que no mais das vezes nasceram obscenas, e
por isso depois se tornaram impróprias, a seguir alteradas, então
inverossímeis, adiante obscuras, daí escandalosas, e finalmente incríveis, que
são as sete fontes da dificuldade das fábulas"
3ª A terceira concepção de M. consiste na
moderna teoria sociológica que se pode atribuir principalmente a Fraser e a
Malinowski. Este último vê no M. a justificação retrospectiva dos elementos fundamentais
que constituem a cultura de um grupo. "O M. não é uma simples narrativa,
nem uma forma de ciência, nem um ramo de arte ou de história, nem uma narração
explicativa. Cumpre uma função sui generis, intimamente ligada à natureza da tradição,
à continuidade da cultura, à relação entre maturidade e juventude e à atitude
humana em relação ao passado. A função do M. é, em resumo, reforçar a tradição
e dar-lhe maior valor e prestígio, vinculando-a à mais elevada, melhor e mais
sobrenatural realidade dos acontecimentos iniciais." Nesse sentido, o M.
não se limita ao mundo ou à mentalidade dos primitivos. É indispensável a
qualquer cultura.
RELIGIÃO. Crença na garantia sobrenatural de salvação, e
técnicas destinadas a obter e conservar essa garantia. A garantia religiosa é sobrenatural, no sentido de situar-se além dos limites abarcados
pelos poderes do homem, de agir ou poder agir onde tais poderes são impotentes e
de ter um modo de ação misterioso e imperscrutável. A origem sobrenatural da
garantia não implica necessariamente que ela seja oferecida por uma divindade e
que, portanto, a relação com a divindade seja necessária à R.: na realidade,
existem R. ateístas, como o budismo primitivo, retomado e defendido neste seu
caráter por escolas posteriores
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