terça-feira, 21 de abril de 2015

definição de conceito

Definição de CONCEITO extraído de Dicionário de Filosofia de Nicola Abbagnano
(gr. tayyoç; lat. Conceptus; in. Concept; fr. Concept; ai. Begriff; it. Conceito). Em geral, todo processo que torne possível a descrição, a classificação e a previsão dos objetos cognoscíveis. Assim entendido, esse termo tem significado generalíssimo e pode incluir qualquer espécie de sinal ou procedimento semântico, seja qual for o objeto a que se refere, abstrato ou concreto, próximo ou distante, universal ou individual, etc. Pode-se ter um C. de mesa tanto quanto do número 3, de homem tanto quanto de Deus, de gênero e espécie (os chamados universais [v.]) tanto quanto de uma realidade individual, como p. ex. de um período histórico ou de uma instituição histórica (o "Renascimento" ou o "Feudalismo"). Embora o C. seja normalmente indicado por um nome não é o nome, já que diferentes nomes podem exprimir o mesmo C. ou diferentes conceitos podem ser indicados, por equívoco, pelo mesmo nome. O C, além disso, não é um elemento simples ou indivisível, mas pode ser constituído por um conjunto de técnicas simbólicas extremamente complexas, como é o caso das teorias científicas que também podem ser chamadas de C. (o C. da relatividade, o C. de evolução, etc). O C. tampouco se refere necessariamente a coisas ou fatos reais, já que pode haver C. de coisas inexistentes ou passadas, cuja existência não é verificável nem tem um sentido específico. Enfim, o alegado caráter de universalidade subjetiva ou validade intersubjetiva do C. na realidade é simplesmente a sua comunicabilidade de signo linguístico: a função primeira e fundamental do C. é a mesma da linguagem, isto é, a comunicação. A noção de C. dá origem a dois problemas fundamentais: um sobre a natureza do C. e outro sobre a função do C.
Esses dois problemas podem coincidir, mas não coincidem necessariamente.
A) O problema da natureza do C. recebeu duas soluções fundamentais: 1° C. é a essência das coisas, mais precisamente a sua essência necessária, pela qual não podem ser de modo diferente daquilo que são; 2° C. é um signo.

1ª A concepção do C. como essência pertence ao período clássico da filosofia grega, em que o C. é assumido como o que se subtrai à diversidade e à mudança de pontos de vista ou de opiniões, porque se refere às características que, sendo constitutivas do próprio objeto, não são alteradas pela mudança de perspectiva. Nos primórdios da filosofia grega, o C. apareceu como o termo conclusivo de uma indagação, prescindindo, na medida do possível, da mutabilidade das aparências e visando àquilo que o objeto é "realmente", isto é, à sua "substância" ou "essência". Para os gregos, essa busca pareceu ser a tarefa própria do homem enquanto animal racional, isto é, tarefa própria da razão; com efeito, C. e razão são designados pelos gregos com o mesmo termo, logos. Aristóteles atribui a Sócrates o mérito de haver descoberto "o raciocínio indutivo e a definição do universal, duas coisas que se referem ao princípio da ciência" {Met., XIII, 4, 1.078 b). Esse mesmo mérito é atribuído a Sócrates por Xenofonte {Mem., IV, 6, 1): Sócrates mostrou como o raciocínio indutivo leva à definição do C; e o C. exprime a essência ou a natureza de uma coisa, o que a coisa verdadeiramente é. Platão faz do universal socrático,a própria realidade. O belo, o bem, o justo são substâncias, isto é, realidades no sentido forte do termo, realidades absolutas. Platão emprega os mesmos termos (substância, espécie, forma ou simplesmente entes) para indicar as realidades últimas como "em si mesmas" e como são "em nós" (isto é, como C). A mente humana contém "a verdade dos entes" {Men., 86 a-b); ela encontra já como suas as substâncias que constituem a estrutura fundamental da realidade {Fed., 76 d-e). Aristóteles, nesse ponto, só faz reproduzir e articular numa doutrina bem mais complexa o ponto de vista de Platão. O C. {logos) é o que circunscreve ou define a substância ou a essência necessária de uma coisa {Dean., II, 1, 412 b 16); por isso, ele é independente do gerar-se e corromper-se das coisas e não pode ser produzido ou destruído por tais processos {Met, VII, 15,1.039 b 23). Em outros termos, para Aristóteles, o C. é idêntico à substância, que é a estrutura necessária do ser, aquilo pelo qual todo ser não pode ser diferente do que é (v. SUBSTÂNCIA). Essas determinações são típicas da concepção do C. como essência. Com relação a elas, o caráter da universalidade aparece como secundário e derivado: por universal, diz Aristóteles, entendo "o que é inerente ao sujeito em qualquer caso e por si, na medida em que um sujeito é o que é" {An.post., I, 4, 73 b 25 ss.). 

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